segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Dinastia comunista

Kim Jong-Il herdou o poder após a morte, em 1994, do pai, Kim Il-Sung, fundador da República Democrática da Coreia do Norte, instaurando assim a primeira dinastia comunista da história. Durante seu regime ditatorial, baseado na glorificação de sua pessoa e na de seu pai, o "amado líder" se consolidou como um estrategista desafiante e anacrônico que, apesar de uma economia destroçada, erigiu seu país em uma potência atômica.

O MISTERIOSO DITADOR

Kim Jong-Il é considerado um dos chefes de Estado mais misteriosos do mundo. Ao redor dele, há muita especulação e poucas certezas. A começar da data de seu nascimento: a história oficial afirma que ele nasceu em 1942, em uma cabana na sagrada montanha norte-coreana de Paektu, acompanhado de um duplo arco-íris e uma nova estrela no céu, enquanto seu pai dedicava-se à luta de guerrilha contra a ocupação japonesa. Mas documentos da ex-União Soviética deslocam seu nascimento para a Sibéria, no ano de 1941, enquanto seu pai estava no exílio. Nesses registros, aparece com o nome de Yuri Ilsungyevichi Kim.
Com ele, a Coreia do Norte também viveu alguns breves períodos de distensão com Coreia do Sul e Estados Unidos, mas sempre truncados por repentinos testes nucleares ou lançamentos de mísseis.
Após sua graduação assumiu os departamentos de cultura e propaganda do Partido dos Trabalhadores, onde foi escalando postos conforme recebia formação política. Em 1980, foi designado oficialmente o sucessor de seu pai e membro do Comitê Central e do Comitê Militar da formação. Mas o primeiro posto de poder real lhe chegaria em 1991, quando assumiu as Forças Armadas como Comandante Supremo.
Considerado impaciente e excêntrico, amante da boa mesa e do álcool, Kim Jong-il também ganhou fama de mulherengo, embora sua vida particular tenha transcorrido envolvida em mistério. Com 1,57 metros de altura, sempre aparecia em público com sapatos de plataforma e cabelos arrepiados, para parecer mais alto.
Fã de cinema, especula-se que esteve por trás do sequestro do cineasta sul-coreano Shin Sang-ok e sua mulher, em 1978, para que fizesse filmes para “melhorar a imagem da Coreia”. O cineasta produziu sete filmes na Coreia do Norte antes de fugir, em 1986, durante uma visita a Vienna.
Também especula-se que Kim possua mais de 20 mil filmes de Hollywood em sua estante e seja fã de James Bond. Outro boato sobre Kim Jong-il diz respeito a sua apreciação alcoólica, em especial por conhaque Hennessey, vendido por US$630 na Coreia.

Sucessão

O filho mais novo agora é chamado a encarnar a terceira geração a liderar um país que continua fiel a um sistema totalitário comunista desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
O primogênito, de cerca de 40 anos, caiu em desgraça após ser descoberto ao tentar entrar ao Japão com passaporte falso para visitar a Disneylândia em Tóquio. O segundo na linha sucessória, Kim Jong-chul, que se acredita tenha uma idade similar a Kim Jong-un, foi considerado por seu pai, segundo alguns testemunhos, afeminado demais para liderar o país.
Os meios de imprensa sul-coreanos descreveram Kim Jong-un como um jovem muito parecido com seu pai tanto fisicamente, com seus 1,68 metros e 87 quilos, como em sua personalidade, o que lhe teria transformado na pessoa ideal para sucedê-lo nos olhos do ditador.
O jovem começou a ganhar mais protagonismo na política nacional depois que seu pai sofreu a apoplexia, em 2008, fato que acelerou o processo de escolha de um sucessor que pudesse dar continuidade ao sistema comunista norte-coreano.
Fruto do casamento de Kim Jong-Il com sua terceira mulher, Ko-Young-hee, uma ex-dançarina que morreu de câncer em 2004, Kim Jong-un viveu em sua adolescência em colégios de Berna (Suíça), oculto atrás de um pseudônimo. Acredita-se que após sua etapa na Suíça retornou em 2000 para a Coreia do Norte, onde se graduou, em 2007, na Universidade Militar Kim Il-sung.
Segundo as fontes, Kim Jong-un estaria casado desde 2010 com uma jovem estudante norte-coreana de 20 anos e teria tido uma filha com ela nesse mesmo ano. Embora apenas se tenha detalhes de sua vida, a maioria de sua etapa na Suíça, acredita-se que fale inglês, alemão e francês, e é amante do basquete e dos filmes de ação.
Sua designação em setembro de 2010 como vice-presidente da Comissão Militar Central do Partido dos Trabalhadores, e as aparições públicas ao lado de seu pai em atos oficiais nos últimos meses o consolidaram na frente da linha de sucessão com relação ao primogênito do líder, Kim Jong-nam.
Depois do anúncio, a Agência Central de Imprensa Coreana (KCNA), canal privilegiado do regime, pediu à população que reconheça o filho mais novo de Kim Jong-Il como sucessor na chefia do Estado norte-coreano. "Todos os membros do Partido (dos Trabalhadores), os militares e o povo devem seguir fielmente a autoridade do camarada Kim Jong-Un e proteger e reforçar a frente unida do partido, do Exército e da cidadania", afirma uma nota da KCNA.

Le Monde - Especialista analisa fotos oficiais da Coreia do Norte

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